quarta-feira, 20 de abril de 2011

Percepcionando cores...


Quando olhamos para este quadro de Matisse o elemento que nos «salta» à vista é a cor.

Assim, a nossa visão é responsável pela percepção das cores e, só existem cores quando existe luz. Num ambiente com ausência de luz, não existem cores. Ao incidir num objecto, uma parte da luz é absorvida, a outra é reflectida. A parte da luz reflectida é a que chega aos nossos olhos e determina a cor da superfície dos objectos.
É interessante constatar que a cor é algo que nos é tão familiar que nos custa a compreender que a cor não corresponde a uma propriedade física, mas sim à sua representação interna, a nível cerebral. Os objectos em si não têm cor. A cor corresponde a uma sensação interna provocada por estímulos físicos que dão origem à percepção da mesma cor por um ser humano.
A cor não tem só que ver com os olhos e com a retina, mas também com a informação presente no cérebro. A maioria das cores das superfícies mantêm uma aparência idêntica mesmo quando vistas sob uma iluminação diferente. Isto acontece porque o sistema nervoso, através da radiação detectada pela retina, extrai aquilo que não se altera com as mudanças da iluminação. A radiação muda, mas o nosso cérebro reconhece certos padrões nos estímulos perceptivos, agrupando e classificando fenómenos diferentes como se fossem iguais.  

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Enquanto recordava uma das triologias cinematográficas que mais admiro deparei-me com este vídeo sobre tipografia e Senhor dos Anéis: 2 em 1. Decidi partilhar com vocês:


Álvaro de Campos - a nossa proposta

Aqui vai a tipografia sobre Álvaro de Campos para a proposta 2.



sábado, 2 de abril de 2011

Proposta 2: Primeiras experiências

Dentro dos três heterónimos, decidimos escolher Álvaro de Campos para dar o início "real" à proposta. 
Este heterónimo, como já dei a entender num post anterior, transmite-nos a sensação de força, movimento, progresso, violência etc. Neste seguimento, optamos por dispor letras em forma de roldanas, remetendo para os movimentos industrais, que, como se sabe, possuem uma forte componente na poesia de Campos. Álvaro de Campos exaltava a civilização moderna e todos os processos a ela associada. 
Aqui vão algumas das nossas experiências isoladas no photoshop...



Proposta 1: Recolha fotográfica/imagens e memória descritiva







Finalmente, podemos apresentar a nossa proposta final!
Houve uma altura em que estivemos um bocado perdidos porque não sabíamos como levar a nossa ideia avante. Mas,focamo-nos na essência da nossa ideia e acabamos por ter um resultado.
O que decidimos no início passava por jogar com pontos, linhas e cores (com destaque para o preto e o branco, como referência ao facto da música ter sido pensada para um  ritmo mais "roqueiro" , daí o contraste, mas que acabou por ter um ritmo mais coeso, pop). Queriamos utilizar a minimização, ou seja, sintetizar ao máximo a imagem, mas sempre de forma perceptível.
Optamos por realizar esta proposta através de meios manuais, ou seja, sem ajuda de programas informáticos. Desta forma, necessitamos de cartolinas, tesoura, marcadores, compasso, régua, cola e recolhemos algumas imagens de revistas (e uma ou outra através da internet, a única altura onde utilizamos o computador).
A letra da nossa música enfatizava a ideia do tempo e da não existência de segundas oportunidades porque o “tempo” não pára. Enfatizava a ideia dos sonhos que nem sempre se concretizam e como ficamos tão desiludidos quando isso acontece.
Esta ideia tinha de ser transmitida através de duas formas base: o círculo e o quadrado.

Círculo

Desenhamos dois círculos em cartolina preta e branca, respectivamente. A preta tinha de ter, obrigatoriamente 11,5 cm de diâmetro e a parte branca, à nossa escolha, teve 10,5 cm de diâmetro. A diferença de 1 cm representou a “borda” do nosso relógio. O “tempo”, com muita importância na música escolhida, era um factor essencial e consideramos que o relógio era uma das imagens mais representativas. Os ponteiros do relógio, desenhados com marcador preto (linhas) indicavam as três horas, como referência a “three times to regard”, um verso da nossa música. Dentro do relógio, através de linhas, desenhamos uma árvore. Esta árvore continha “frutos” coloridos (marcador rosa, azul e amarelo) representativos dos nossos sonhos. Mas, à medida que descíamos do topo para o tronco e para o chão, esses pontos adquiriram uma coloração mais escura (azul escuro e preto), representando os sonhos que não concretizados que caem por terra. Na borda do nosso relógio, a preto, escolhemos quatro imagens: os olhos de um bebé, lábios, (beijo) um pai com o filho e o olho de uma senhora idosa. Estas quatro imagens são simbólicas e não têm uma ligação directa com a imagem. As imagens foram colocadas ao longo do relógio, como forma de indicar um ciclo sempre em acção. Desta forma, queríamos deixar patente a ideia de que o “tempo” não pára e tudo continua, por isso, não existem segundas oportunidades. 



Quadrado

No quadrado, a ideia a representar era a mesma. E, assim, optamos por representar exactamente o mesmo relógio. No entanto, e aproveitando a forma do quadrado de 12 cm, escolhemos algumas imagens que cobriram o quadrado preto. Basicamente, aquele ciclo simbólico da vida, teve especial relevância nesta forma. Nã existem segundas oportunidades e tudo continua. As imagens escolhidas foram a do bébé, crianças, lábios (beijo), alianças, maternidade, pai e filho, olhos de uma senhora idosa e céu.  





sexta-feira, 1 de abril de 2011

Proposta 2: Primeiras considerações

Esta proposta tem como base versos de um dos maiores escritores portugueses: Fernado Pessoa.
Pessoa tinha uma personalidade, no mínimo, complexa e desconcertante. Era ocultista, publicou apenas um livro, "A Mensagem" embora se tenha desdobrado em diversos heterónimos. São, precisamente, versos dos três principais heterónimos que vão influenciar o nosso projecto, como assim foi estipulado pelo enunciado.
Os heterónimos tinham personalidades diferentes e complexas, o que, à partida, irá permitir a criação de três tipografias igualmente distintas.


"Ser-me-ás suave à memória lembrando-te - assim à - beira - rio, 
Pagã triste e com flores no regaço."


Ricardo Reis é um leitor de clássicos latinos, um epicurista que defende o prazer momentâneo, "carpe diem", como o caminho para obter a felicidade, mas sem ceder a impulsos e instintos. A satisfação dos desejos deve ser estável, sem dor, e para tal é necessário um estado de ataraxia - tranquilidade sem perturbação. Mas, esta tranquilidade é complicada de obter por isso deve-se viver em conformidade com as leis do destino, indiferente à dor, numa ilusão de felicidade.  Ricardo Reis aceita com calma, lucidez, a fugacidade e efemeridade das coisas. 
Em poucas palavras, este heterónimo pode ser caracterizado pelos seguintes adjectivos: calma, lucidez, tranquilidade, equlibrio, clássico, formal, rigoroso


(Exemplo de um aluno de anos anteriores)


 "Tristes das almas humanas, que pôem tudo na ordem,
Que traçam linhas de coisa a coisa
Que põem letreiros com nomes nas árvores absolutamente reais
E desenham paralelos de latitude e longitude
Sobre a própria terra inocente e mais verde e florida do que isso!"


Alberto Caeiro importa-se com a  forma objectiva e natural realidade com a qual contacta a todo o momento. Pensa vendo e ouvindo. Caeiro é um poeta da Natureza. Só existe a realidade, o tempo é ausência de tempo sem passado, presente ou futuro, pois todos os instantes são unidade do tempo. Só  lhe interessa aquilo que capta através das sensações. Passeando e observando o mundo, personifica o sonho da reconciliação com o universo, com a harmonia pagã e primitiva da Natureza. Alberto Caeiro com a intelectualidade do seu olhar liberta-se dos preconceitos, recusa a metafísica, o misticismo e o sentimentalismo social e individual. O pensamento para ele gera infelicidade, dor de pensar.
Em poucas palavras, este heterónimo pode ser caracterizado pelos seguintes adjectivos: objectividade, simplicidade, sensacionalista.


(Exemplo de uma aluna de anos anteriores)


"Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno!
forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!"

 Álvaro de Campos é engenheiro e sente-se atraído pelo poder e pela beleza das máquinas. Possui a urgência de "sentir tudo de todas as maneiras". Campos é vanguardista, cosmopolita, exaltando nos seus poemas a civilização moderna e os valores do progresso. Possui dois lados, um que expressa violentamente, explosivamente  a velocidade, a força etc, e outro que expressa o desencanto do quotidiano citidiano, a angústia, o tédio, o cansaço. 
Em poucas palavras, este heterónimo pode ser caracterizado pelos seguintes adjectivos: futurista, violento, explosivo, sensacionismomoderno, desencantado, cansado, entediado

 (Exemplo de um aluno de anos anteriores)